Aproveitando a oportunidade da participação do secretário de Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Carlos Andreu Ortiz, da jornalista e ex-vereadora da cidade de São Paulo Soninha Francine e do ex-deputado federal Celso Russomanno em um evento do Sindicato, a Folha Terceirizada pediu a opinião deles sobre a regulamentação da terceirização no Brasil.
“A regulamentação é importante porque quando se fala em serviço terceirizado a impressão é de marginalização. Sempre digo que a empresa não pode pensar em terceirizar para precarizar mão de obra. Minha origem é de metalúrgico, sou ferramenteiro formado. Trabalhei durante 22 anos na Ford Caminhões, e a Ford sempre falava isso: minha especialidade é montar o caminhão, tem coisas que não são minha especialidade. Então, quando a empresa terceiriza e não é para precarizar mão de obra, e sim porque o que o trabalhador que ela contrata faz determinado serviço que é a especialidade dela, ninguém pode ser contra. Nós temos de ser contra quando a terceirização é feita para precarizar. Ao regulamentar vai haver um procedimento, uma forma de seguir o trâmite legal, a lei. Então, realmente, as empresas erradas, que a gente sabe que existem por aí, que terceirizam para precarizar mão de obra, vão acabar sumindo do mercado.” Carlos Andreu Ortiz, secretário de Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo.
“Os trabalhadores das categorias, vamos assim dizer, tradicionais, conseguiram ao longo do século muitas coisas unidos, à base de pressão, à base de representantes que eles mesmos elegeram para fazer a luta deles. Muita gente ainda não reconhece a importância do terceirizado. Tem gente que fala do trabalho terceirizado como se fosse uma aberração. E não é de jeito nenhum. É a coisa mais moderna que existe, você cuidar da sua atividade-fim, você que é uma grande empresa ou um serviço público, e contratar outras empresas que têm a especialização para treinar o trabalhador, para acompanhá-lo. Então, em primeiro lugar, a gente precisa deixar a sociedade toda consciente de que a terceirização é uma modalidade moderna de organização do trabalho. E por isso mesmo os trabalhadores desse setor precisam se unir para conquistar seus direitos. Como são muitas áreas diferentes também, se não houver uma categoria unida, separados todos são muito mais fracos”. Soninha Francine, jornalista e ex-vereadora da cidade de São Paulo.
“Sou favorável à regulamentação. Tenho discutido muito isso, até porque o trabalhador terceirizado recebe muito menos do que os outros para trabalhar e fazer as mesmas coisas. Isso é muito triste. Temos de regulamentar a terceirização para que as pessoas possam a ter decência no seu trabalho. Tem de haver uma reforma trabalhista por inteiro. Pelo que a gente vê por aí é muito complicado, muita gente fica sem trabalho e muita gente hoje não está trabalhando por causa dos encargos sociais. Se não fizermos uma reforma vamos ter, daqui para frente, desemprego maior. A terceirização é o caminho, mas também tem de ser buscado o direito, e é em cima disso que a gente tem de trabalhar”. Celso Russomanno, ex-deputado federal.