No mês de março deste ano, quase 4 milhões de pessoas foram às ruas em mais de 300 municípios de todo o Brasil. O grande alvo do povo não era exatamente um partido ou o governo. A vontade era a de construção de um novo País!

E essa posição de descontentamento ficou ainda mais nítida nas últimas eleições municipais: apenas 48% dos Prefeitos conseguiram ser reeleitos. Desde 1997, quando a Constituição foi alterada para permitir a reeleição para cargos no Executivo (Presidente, Governador e Prefeito) esse número não havia sido tão baixo.

Os críticos da reforma que estabeleceu esse direito de reeleição argumentam que o modelo lesa os princípios de alternância no poder, perpetua uma classe no cargo e cria a chances de beneficiar-se com o uso da máquina pública durante a campanha eleitoral. Creio que o problema não tenha sido exatamente esse, mas sim a falta de compromisso com as promessas de campanha e de responsabilidade com o nosso dinheiro.

E o que dizer da quantidade de votos em branco, nulo e as abstenções? Só aqui na capital paulista, somados os três, esse número chegou perto dos 3,1 milhões. Superior aos votos do candidato eleito no primeiro turno, com 3.085.187 eleitores.

Os resultados das últimas eleições municipais também foram alarmantes para os vereadores de todo o país. Em muitas cidades, 50% da Câmara de Vereadores foi totalmente substituída. O povo cansou de tantas propostas que só servem para fingir trabalho, como mudanças de nomes de ruas. É lógico que batizar logradouros é necessário, mas não enche o prato de comida, não gera empregos, não cuida da saúde e pouco resolve os problemas da nossa população.

O recado está dado: a população está cansada de mesmice e políticos que só ouvem o povo durante a campanha. Essa descrença deve-se principalmente a quantidade de denúncias de corrupção, de contratos superfaturados, de obras inacabadas e de serviços públicos que só funcionam em peças publicitárias.

Que os eleitos arregacem as mangas e mostrem serviço!

Vamos continuar indo às ruas protestar por um Brasil mais justo para os trabalhadores e, se não der resultado, a classe política já sabe: iremos às urnas!

De um jeito ou de outro, nós sempre seremos ouvidos!

GENIVAL BESERRA LEITE
PRESIDENTE DO SINDEEPRES