Uma notícia no começo do ano me trouxe certa frustração com relação ao nosso sistema de inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) no mercado de trabalho. O número de contratações desses trabalhadores caiu quase 20% nos últimos anos, por pura falta de coordenação dos órgãos público e privado, no sentido de localizar essas pessoas e direcioná-las às vagas existentes, bem como preparar as empresas para receber essa mão de obra especial.
Embora haja uma lei que obriga as companhias a reservarem uma cota de vagas para deficientes, ela não proporciona a verdadeira inclusão social, que é o real propósito pelo qual foi criada. Hoje, para cumprir suas cotas, as empresas buscam mecanismos que apenas cumprem a lei.
Não as culpo. Muitas delas até querem contratar PCDs por perceberem que a presença de uma pessoa com necessidades especiais no ambiente de trabalho é um fator motivante aos demais colaboradores, mas não sabem como lidar com essa situação. Exemplo disso é que no próprio Balcão de Emprego do Sindeepres, nossa ferramenta de encaminhamento profissional, não temos uma rotatividade significativa de empresas ofertando vagas ou pessoas procurando colocação com essa característica. É uma pena, pois vemos que o mercado está cada vez mais aquecido e necessitando de profissional qualificado.
Estima-se que existam 27 milhões de pessoas com deficiência no País. Porém, pouco mais de 285 mil está empregada, o que equivale a 0,7% do universo de trabalhadores formais. Ou seja, um grande desperdício.
Em tempos de escassez de qualidade profissional, precisamos rever o processo de inclusão desses trabalhadores para otimizarmos a mão de obra brasileira e cumprirmos a nossa responsabilidade social de incluir pessoas com deficiência dentro do ciclo das economicamente ativas.
Presidente
Genival Beserra Leite